sexta-feira, 28 de novembro de 2014

DUMA ENTRADA QUE OS PORTUGUESES FIZERAM POR CASTELA, E DO ROUBO QUE TROUXERAM.

DUMA ENTRADA QUE OS PORTUGUESES FIZERAM POR CASTELA, E DO ROUBO QUE TROUXERAM.

Com a descrição desta façanha dos Alcaides mor de Alandroal e de Vila Viçosa, ficamos a saber que, o porto da Cinza, em 1384, denominava-se, porto da Cerva, assim. voltamos a publicar a façanha de Álvaro Gonçalves, (o coitado) e de Pêro Rodrigues, (o encerra bodes), Alcaides-Mor de Vila Viçosa e do Alandroal, respetivamente, os quais, após a Páscoa, de 1384, entraram por terras de Castela, com 45 cavaleiros e 200 besteiros, passaram o Guadiana (Odiana) no porto da Cinza, então, chamado porto da Cerva e, roubaram o gado que pastava entre Alconchel e Vila Nueva del Fresno, atravessando, para ambos os lados, a Vila de Ferreira, que era quase todo o espaço geográfico da atual Freguesia de Capelins
Este feito, foi copiado das Crónicas de Fernão Lopes.

DUMA ENTRADA QUE OS PORTUGUESES FIZERAM POR CASTELA, E DO ROUBO QUE TROUXERAM.

Álvoro Coitado era muito amigo de Pero Rodrigues, Alcaide do Alandroal, e acordaram ambos de fazer uma cavalgada (rapina de gado, etc) em Castela, quando nenhuns que então tivessem voz por Portugal eram ousados disto cometer, porquanto Pero Rodrigues da Fonseca estava em Olivença muito poderoso com quinhentos de cavalo entre homens de armas e ginetes, de guisa que toda aquela comarca era temerosa ante ele, e os gados todos muito seguros ao longo do extremo da parte de Castela. Feito o acordo e marcado o dia, juntou Álvoro Gonçalves os seus trinta escudeiros e cento e cinquenta homens de pé de Vila Viçosa, e Pero Rodrigues quinze de cavalo e cinquenta homens de pé do Alandroal, assim que eram por todos quarenta e cinco de cavalo e duzentos homens de pé. E juntos assim para entrar por Castela, passaram de noite o Odiana pelo porto da Cerva e foram ao enxido (pastos para criação de gado) de Cheles sobre o quarto da alva, e fizeram presa em dois fatos (manadas) de vacas de Garcia Gonçalvez de Grisalva, e tomaram catorze vaqueiros e arrancaram as tendas, e carregaram as manadas com todos os seus aparelhos. E assim trouxeram as vacas e novilhos e éguas com os seus pastores, que não escapou mais do que um que foi dar novas a Vila Nova del Fresno e a Alconchel, lugares do senhorio de Castela. E Pero Rodrigues e Álvoro Coitado mandaram tanger a cavalgada aos homens de pé e deram-lhes dez de cavalo que viessem com eles, e eles com os besteiros ficaram em resguardo, caso alguma gente sobreviesse para pelejar. Com a qual cavalgada passaram por Ferreira, e vieram com ela pelo Sobral da Ordem entre a vila do Alandroal e Juromenha até ao campo de Pardais, onde está uma igreja de são Marcos. Naquele campo repartiram a sua cavalgada, aos capitães a sua direita parte e a cada um dos outros o que lhe aí cabia, e o quinto que era dado a Álvoro Coitado não quis este naquela hora havê-lo para si, mas que se repartisse por eles, do que todos ficaram muito contentes e lho agradeceram muito.
E acharam naquela presa setecentos novilhos que andavam apartados numa das manadas, e as vacas eram mil e quatrocentas, e vinte e seis éguas e nove poldros de três anos e outros poldros pequenos, e as éguas deram-nas a Álvoro Coitado que as mandou para uma sua quinta perto de Benavente. E esta foi a primeira cavalgada que os portugueses fizeram por Castela no começo desta demanda.
 Extraído do Blogue: “O Espaço da História”
XIII – Cenas da guerra no Alentejo

(Escrito por Fernão Lopes)





Sem comentários:

Enviar um comentário

Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

  Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...