quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A vida económica e social dos moradores da Vila de Ferreira na Idade Média e Moderna

A vida económica e social dos moradores da Vila de Ferreira na Idade Média e Moderna


A Idade Média, é considerado o período entre o século V e, o século XV, ou seja, início do Renascimento. A Vila de Ferreira, existe desde cerca de 1314, assim, tentamos conhecer, o que for possível, sobre a vida económica e social dos moradores desta região. Através de alguns documentos oficiais disponíveis ao público e, por analogia com o que se encontra publicado sobre este assunto, referente a Freguesias vizinhas, pensamos, não ter sido muito diferente na Vila de Ferreira.
A sociedade medieval era constituída por três classes, o clero, nobreza e povo, assim, quanto à realidade da referida Vila, o senhorio, durante a Idade Média, esteve sempre na posse de casas nobres, era uma grande extensão de terra, quase a mesma que, constitui hoje a Freguesia de Capelins, estava dividida em diversas herdades, com Montes ou casais, que eram arrendadas a lavradores, os quais, tinham ao seu serviço os trabalhadores agrícolas, guardadores de gado e pessoas para outros trabalhos. 
A Igreja Católica, detinha grande poder e podia intervir em todas as causas, por isso, no Lugar de Ferreira, sede da Vila, existia a Igreja Matriz de Santa Maria, com um Cura, que tinha a missão de tratar da vida espiritual dos moradores, porque, nesta época vivia-se grande fervor religioso. A religião fazia parte da vida do dia a dia, intervindo na vida prática e espiritual das pessoas, que eram dominadas pelo medo do inferno, assim, procuravam na Igreja a explicação para os mais diversos acontecimentos, como as epidemias, a fome e mesmo as trovoadas, com a oração e a devoção, esperavam afastar esses males. A Igreja, cobrava impostos, todas as pessoas tinham de pagar o dízimo, recebendo grande parte das colheitas e até de gado.
As casas do Lugar de Ferreira, eram muito rudimentares, feitas de taipa, terra amassada, algumas pedras e, geralmente cobertas de colmo, estevas, piorno e pasto, por isso, hoje, no local onde existia esse casario está plantado um olival e poucos vestígios se encontram. A vida dentro da casa era em comunidade, ou seja, sem intimidade, todos comiam, dormiam e passavam o tempo livre na mesma divisão. O mobiliário era escasso, uma mesa, uns bancos sem costas e um móvel essencial que era um baú ou arca, que servia para guardar tudo o que tinham, desde roupa a loiças e, ainda podia servir de mesa ou de assento. As camas, se existiam, tinham colchões de palha. A cozinha, tinha poucos utensílios, panelas, almofariz, frigideira de cabo comprido, algumas, um caldeirão ou panela de ferro. A comida era pouca, à base de pão de trigo e de ervas aromáticas e outras comestíveis, as que existiam em abundância nesta região, além de outros produtos hortícolas que já cultivavam nas hortas, como, alhos, hortelã, salsa, coentros e cebolas. Os que podiam, faziam matança de porcos e guardavam a carne fumada para consumir ao longo do ano, mas a Igreja ordenava que não se comesse carne às quartas-feiras, sextas-feiras e sábados, assim, dava para mais tempo. Havia muita caça, mas era para os senhores, que tinham os falcões e as matilhas de cães treinados para esse fim.
Já por aqui passavam vendedores ambulantes, que vendiam produtos artesanais e mercadorias diversas, fazendo, também, trocas comerciais, como ovos de galinha e animais. Como antes referimos, D. Dinis, autorizou uma feira anual em Terena, durante quinze dias, com entrada livre para os moradores do Concelho, onde podiam comprar e vender todos os produtos existentes nessa época, desde animais, cereais, roupas, utensílios, e assistir a espetáculos de música, circenses, aos jograis e outros, era o maior acontecimento na região, as pessoas contavam os dias que faltavam para chegar a feira. Do Lugar de Ferreira, Neves, a Terena eram menos de duas léguas, logo ali.
À semelhança das terras vizinhas, pensamos que, existia uma festa anual, junto à Igreja de Santa Maria, consistindo na parte religiosa, missas, cânticos na Igreja, procissão, mas também, a parte profana de divertimento, cantares, bailes e principalmente jogos.
A vida dos moradores da Vila de Ferreira, era de muito trabalho, de sol a sol, senão, desde madrugada até noite dentro e, não tinham nada, tudo era do senhor, também por isso, era muito difícil povoar esta Vila, além da grande insegurança que aqui existia, devido à proximidade da fronteira que era constantemente atravessada por grupos de saqueadores, de um e outro lado. 


Ermida de Nossa Senhora das Neves em Capelins 




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