sábado, 5 de novembro de 2016

Resenha histórica da Villa do Alandroal

Resenha histórica da Villa do Alandroal
Alandroal, o nosso Concelho desde 6 de Novembro de 1836
O Alandroal é uma vila raiana portuguesa pertencente ao Distrito de Évora, região do Alentejo e sub-região do Alentejo Central, com 1 873 habitantes (2011). Ergue-se a 341 m de altitude.

O Alandroal foi elevado à categoria de vila em 1486, por uma Carta de Foral atribuída por D. João II.
É sede de um município com 542,68 km² de área e 5 843 habitantes (2011), subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Vila Viçosa, a nordeste pelo município de Elvas, a leste por Espanha, a sul por Mourão e por Reguengos de Monsaraz e a oeste pelo Redondo.
Ao Alandroal foram anexados, no século XIX, os territórios dos antigos municípios de Terena e Juromenha, as outras duas vilas deste município.
A povoação de Villarreal (em português, Vila Real), situada actualmente no município de Olivença (Espanha), era uma povoação do antigo concelho de Juromenha.
Parte I

CONCELHO DO ALANDROAL
BISPADO DE ELVAS
COMARCA DO REDONDO
ALANDROAL
Antiga Villa do Alandroal na ant.* com. de Am. Don.° à ordem de Aviz.
Hoje é cab. 1 do actual cone. do Alandroal.
Está situada em eminente mas não molesta colina, 7 k a E. da ribeira Lucefece, 4" a O. da ribeira dos Pardaes. Tem estrada para Elvas, para Estremoz, para o Redondo, para Reguengos, para Terena, e para Monsarás. Dista de Évora «M/i 1 para e. N. E. Costeava o ant." T. d'esta Villa, segundo diz o D. G. M., pela parte do oriente o rio Guadiana, que leva peixe meudo, tenças, barbos, eirós, carpas, bogas, picões e sarrelhos. 
A ribeira de Lucefece (continua o mesmo D. G. M.), nasce em uma lagoa na Freguesia de Rio de Moinhos, no Termo de Estremoz, e vae desaguar no Guadiana, do sitio do Aguilhão: leva egualmente peixe meudo. 
Este rio Lucefece, segundo diz Carv. , deve o nome á seguinte occorrencia: um capitão romano, recolhendo com o seu exercito de uma grande batalha, dada nas proximidades da serra d'Ossa (que da mesma batalha derivou o nome pelos muitos ossos dos que ali morrerem) ao chegar ás margens do rio e vendo alvorecer o dia, exclamou Lucem feát. 
O illustrado parocho do Alandroal, no seu relatório do D. G. M„ diz ser isto vulgar tradição sem fundamento solido. 
A ribeira dos Pardaes (prosegue ainda o dito D. G. M.) nasce na lagoa do mesmo nome, no Termo de Villa Viçosa, e vae entrar no Guadiana no sitio do Azinhalinho. Também correm pelas visinhanças da Villa a ribeira dos Machos e outros ribeiros menores. As ribeiras que não secam de verão são, além do rio Guadiana, as de Lucefece e Pardaes. 
"Chorographia moderna do reino de Portugal : Baptista, João M"

Parte II
"Tem a Villa uma só Paróquia que era antigamente da ínvocação de Nossa Senhora do Castello e hoje de Nossa Senhora da Conceição, prior que era da ordem de Aviz. 
Compreende esta Freguesia, além da Villa, os casaes de Penedraes, Roca ou Ronca, Carrapatosa (2), Chiado, Botelhos, Ameixieira, Junceira, Cabril, Mendes, Monte das Almas, Funchal, Cebolla, Barranca (2), Pego Longo, Paroleira, Micbão, Cruz Branca, Vai do Pio (2), Fonte Santa, Pomarinho, Monte da Quinta, Gamella, Pego da Moura, Congeito, Pericoto, Touril, Barrancos, Motta, S. Miguel, Tojalinho, Colmeal de D. Maria, Atalaia, Magarreiro, Pipa; as q. u * das Fretas ou das Freiras, do Belio; as hortas de Fonte dás Freiras, Azenha, Das Freiras, Retorta, Colmeias, Gordesas, Fartella, Rego d'Agua, Bernarda Franca, Do Rosa, Lagar, Eiras do Rabasco, Do Neto, Do Silva, Dos Frades, Do Agostinho, Sovereiros, Hortinba, (3) do Migarreiro, Do Colmeal, Da Pipeira, Perramedo (2), Fazenda do Moedas, Vai do Cortiço, Telheiro, 5 na Bica da Horta, Do Mestre, Dos Arcos, Horta Pequena, Das Cravas, Das Amoreiras, Da Nora, Tapada de Thomé das Fontes; e as ermidas de Nossa Senhora das Neves, Nossa Senhora da Consolação, S. Bento, S. António, S. Pedro. 
Vem mencionadas em Carv. as ermidas de Nossa Senhora das Neves de muitas romarias. Nossa Senhora da Consolação fundada por Diogo Lopes de Sequeira, S. Pedro, S. Bento fundada por um devoto que em tempo que havia peste no reino ia todos os dias áquelie sitio fazer oração a 8. Bento da Contenda, do Termo de Olivença, que d'ali se avista : sendo certo que nem n'esse contagio nem em outro qualquer que depois tenha affligido o paíz, padeceu a Villa coisa alguma. Também menciona mais duas ermidas Santa Luzia e S. Sebastião, que provavelmente já não existem visto que d'ellas se não fala na E. P.

Tem casa de misericórdia e bom hospital. 
Está a Villa do Alandroal dividida em duas partes, e no meio o castelo com 7 torres, a parte superior fica entre vinhas e olivaes, e a inferior entre hortas, ferregiaes e arvores frutíferas, e a esta chamam o Arrabalde.

Da parte mais alta da Villa se avista o Redondo, Monsarás e Mourão; do adro da ermida de S.tº Antonio se avista em dias claros Évora; da ermida de S. Bento, Olivença ; do sitio da Pipeira, se avista Mourão, Terena, Juromenha e Badajoz.
É abundante de trigo e mais cereaes, de hortaliças, legumes, frutas, especialmente de espinho, e delicadas cidras que são muito estimadas em toda a província; recolhe muito 
azeite, vinho o sufficiente mas bom.

Tem abundância de gados em suas excellentes pastagens ; também tem abundância de caça miúda e alguma grossa, e bastantes lobos. 
Tem na praça uma fonte de crystalina e preciosa agua, que de inverno corre quasi tépida e de verão fresca, e sempre muito diurética, d'onde procede talvez não haver n'esta Villa. 1 mal de pedra. 
Sae a agua pela boca de 6 leões e cae em um bello tauque, (Deste sae para outro mais inferior e finalmente para regar muitas hortas e pomares. 
É esta fonte talvez a mais notável do reino em abundância d'aguas, pois ainda na maior força do verão, e em annos de maior secura, não se nota differença alguma na força da sua corrente. 
Tem mais nas visinhauças a fonte chamada das Freiras e a de S. Bento, que dizem, e é notório, ser medicinal contra as sezões; e também tem outra no sitio da Pipeira. 
Emflm pôde afontamente dízer-se que o Alandroal tem abundância de excellentes aguas.

Nas cercanias da Villa ha dois algares que da superfície do terreno atè á da agua tem 100 palmos craveiros (22") e a agua de profundidade 150 (33°); um chama-se algar de S.'° António, o outro algar das Morenas: foram mandados tapar em 1 723 pelo juiz de fora, a fim de evitar desgraças e malefícios, como se lê em padrões erigidos nos dois sítios. 
Tem feira annual de 3 dias (franca) começando no 3.° domingo de setembro. 
Tem este concelho: 
Superfície, em hectares K0589

População, habitantes 8848
Freguesias, segundo a E. C 7
Prédios, inscriptos na matriz. 3317
Houve em tempos remotos no sitio de Villares povoação talvez romana, pois se tem ali encontrado moedas de differentes imperadores e outras antigualhas.

Parte III
Da actual Villa não se sabe o tempo certo da fundação.
É tradição que tomou o nome dos alandros que são umas plantas que tem as folhas como de loureiro e a flor como as rosas, os quaes havia na sua fonte, o da fonte para baixo, em uma horta que chamam do Mestre, por ter sido dos mestres de Aviz.
O castello é obra do mestre de Aviz D. Lourenço Affonso, como se vè de um letreiro sobre a porta do mesmo castelo que tem a era de 1332. Também sobre esta porta que era a principal e fica entre duas torres, se lé a seguinte legenda.
DEUS É E DEUS SERÁ; POR QUEM FOR ESSE VENCERÁ.
Sobre outra porta chamada da traição, está a cruz da ordem de Aviz com duas águias, dos braços da cruz para baixo, e dos braços para cima dois grilhões ao modo da corrente de Calatrava, e umas lettras que dizem mouro me fez. 
Na torre grande do castello está outra pedra com a cruz de Aviz e a seguinte inscripção.

Era de 1336, a 25 dias andados de fevereiro, fez este castello D. Lourenço Affonso, mestre de Aviz, á honra e serviço de Deus e de Santa Maria sua madre e das ordens do muito nobre senhor D. Diniz, rei de Portugal e do Algarve, remonte em aquelle tempo e em defendimento dos seus reinos. 
SALVATOn MUNDI SÀLVAME.

No canto d'esta mesma torre grande está uma pedra com a inscripção seguinte. 
Quando quizeres fazer alguma cousa, cata o que te i necessário e depois verás. Quem de ti se fiar não o enganes. 
Lealdade em todas as coisas.

As eras d'estes letreiros são de Cesar e para as reduzir á vulgar só temos a subtrair 38 annos em cada uma. 
Tinha o castello, d'antes, boas casas, e tão nobres que ali habitaram os duques da Bragança desde 1600 até 1605, e em 1604 casou D. Izabel, filha do duque D. Theodosio com D. Miguel de Noronha, M. de V.' Real, como consta do livro dos assentos da Freguesia A parochia estava dentro do castello. 
No monte onde hoje se vê a ermida de S. Migue) houve em tempo dos romanos um templo ao Deus Endovelico, do qual falaremos na descripção da Villa de Terena, pois não 
sabemos com certeza se este monte, que pertencia ao antigo Termo da Villa do Alandroal, faz hoje parte da Freguesia da mesma Villa, da Freguesia de S. Braz dos Mattos, ou da Freguesia da Villa de Terena. 
Nasceu n'esta Villa o padre António Alvares da Companhia de Jesus, filho de Gregório Alvares, e de sua mulher Maria Vaz. 
Pela acclamação de D. João iv assentou praça e chegou ao posto de sargento mór com grande honra; mas desenganado das coisas do mundo tomou o habito da Companhia aos 40 annos de edade, em 1659. 
Foi depois estudar philosophia para o collegio de Braga, e sendo já professo chegou ordem d'el-rei ao reitor que lhe mandasse o padre Alvares, pois tendo entrado no reino os inimigos com grandes forças não podia dispensar a sua reconhecida intelligencia nas fortificações e coisas militares, 
Chegado ao campo tomou o commando geral de artilheria e fez logo taes disposições que o general inimigo disse aos seus que alguem de grande intelligencia tinha chegado aos portuguezes. 
Apenas concluída esta campanha recolheu-se novamente o padre Alvares ao seu collegio de Braga, onde fatleceu em 1662, com signaes de muita piedade, deixando na ordem e na Villa exemplar e saudosa memoria. 
Também foi natural d'esta povoação Diogo Lopes de Sequeira 4." governador da índia. 
Finalmente dá gloria a esta Villa o ser pátria de Pêro Rodrigues, de quem falia Camões na oitava 33 do canto 8." 
«Na mesma guerra vS que pregas ganha 
iEst'outro capitão de pouca gente; 
•Commendadores vence e o gado apanha 
«Que levavam roubado ousadamente : 
•Outra vez vé que a lança em sangue banha 
•D' estes, só por livrar com amor ardente 
«O preso amigo; preso por leal; 
•Pedro Rodrigues é do Landroal.

Deu foral a esta Villa D. João II em 1486 e novo foral el- rei D. Manuel em 1544.


"Chorographia moderna do reino de Portugal : Baptista, João M" 






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