sábado, 14 de janeiro de 2017

Azeite de Capelins

O ciclo do azeite II - Capelins

Existem provas de que os mouros a partir do ano de 711 também povoaram as terras de Capelins e aqui introduziram a oliveira. Encontramos poucas oliveiras que podem ser dessa época, ou seja com mais de 1000 anos, mas podemos inferir que algumas se tenham perdido. Depois da Villa de Ferreira ter sido doada à Casa do Infantado em 1698, e repartida em pequenas herdades, foram plantadas algumas oliveiras, mas nunca existiram grandes olivais até ao início de 1900. A partir daí foram plantados os olivais nas herdades da Defesa de Ferreira, Monte da Vinha, Nabais, Ramalha, Seixo, Amadoreira, Roncão, Zorra, Defesa de Bobadela e outros. A colheita da azeitona começava nos finais de Novembro ou início de Dezembro e findava nos finais de Janeiro, podendo, em alguns anos chegar ao mês de Fevereiro. Era feita por homens, mulheres e crianças, chamados "ranchos", que podiam ser contratados pelos proprietários ou rendeiros dos olivais, à jorna (salário diário) ou podiam receber um valor por cada quilograma de azeitona que conseguiam colher e apanhar do chão debaixo das oliveiras e entregá-la já limpa dos ramos e das folhas que caiam das oliveiras misturadas com a azeitona. 
O trabalho era ainda mais difícil porque era feito nos meses de muito frio e de chuva, começava cedo, porque os dias eram muito pequenos, os azeitoneiros/as saíam de casa ainda de noite e de noite voltavam a suas casas, ou podiam dormir nos Montes dos patrões para ficarem mais perto dos olivais, também se deslocavam ranchos de azeitoneiros/as de Capelins para Vila Viçosa, onde existiam grandes olivais. 
Este trabalho consistia em estender os "panos" debaixo das oliveiras e depois com escadas encostadas às oliveiras ou em cima das "pernadas", (ramos mais grossos) e até do chão, "ripava-se" a azeitona para cima desses panos, (não podia cair no chão), depois, quando os panos já tinham muita azeitona, esta era metida dentro de sacos. 
Pelas 16:00 horas os homens carregavam os sacos, geralmente às costas, para um local onde faziam a limpeza da azeitona, (com uma pá de ferro a azeitona era atirada ao ar separando-se assim, as folhas e ramos da azeitona). Depois da limpeza já à noitinha.a azeitona estava em condições de entrar no depósito, onde era recebida e pesada, (comprada) por um intermediário que a concentrava nesse depósito para dali ser carregada para um lagar, ou em alguns casos, entrava diretamente no lagar onde seria transformada em azeite, como era na Casa Dias, em Capelins, que tinha lagar próprio! 

Oliveira centenária de Capelins



Sem comentários:

Enviar um comentário

Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

  Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...