segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

O ciclo do pão I

O ciclo do pão I

Como sabemos, até se poder comer deste pão antes de +- 1970, existia para trás quase um ano e meio de trabalho e sofrimento! 

Na referida época (desde 1314) as terras estavam quase todas, senão todas, na posse de Lavradores, donos ou rendeiros, existindo, mais tarde, apenas algumas courelas, pequenas propriedades na posse de seareiros (que se dedicavam a fazer searas de trigo, aveia, cevada, centeio, favas, grão de bico e pouco mais). Alguns lavradores entregavam as terras ou parte delas, divididas em porções, courelas, a seareiros, cobrando-lhes parte das colheitas, um terço, um quarto ou um quinto dos cereais que lá colhiam, quase sempre trigo numa courela e aveia noutra, esta onde tinha sido cultivado o trigo no ano anterior!
A lavoura da terra onde seria semeado o trigo iniciava-se em Fevereiro/Março e nas terras de Capelins designava-se por "alqueve" , que ficava concluído por Abril. Essa terra ficava lavrada e assim passava todo o verão até Setembro, quando era feita nova intervenção dos seareiros. Por este mês começavam por "gradá-la", com um instrumento de madeira e ferro, com uns bicos de ferro de 10 centimetros impregnados em duas barras de madeira paralelas com um metro e meio a dois metros de largura e ligadas por travessas de ferro, puxadas por muares (animais que não eram cavalos nem burros/burras) e assim desfaziam os torrões, ficando a terra quase lisa, procedendo de seguida a outra lavoura, nesta fase chamava-se "atalho" ficando a terra quase pronta para a sementeira do cereal. No mês seguinte alisava-se essa terra com a grade e logo de seguida faziam-se as "belgas", (com a charrua, instrumento para lavrar a terra, puxada pelas muares, eram marcados na terra espaços com largura variável 20/30 metros, para entre eles, manualmente, o seareiro ou jornaleiros (homens que trabalhavam à jorna/dia, para o seareiro ou lavrador) ao seu serviço, com sacos ao ombro (chamavam-se sementeiros) com 30/40 quilogramas de adubo e outros com a semente, a passos coordenados atiravam com o adubo e o cereal à terra. Logo de seguida, essa terra, era novamente lavrada para que o cereal ficasse enterrado, sendo em alguns casos, ainda gradada para o terreno ficar liso e o cereal no devido lugar. 
Ao fim de 20/30 dias, conforme o ambiente, o cereal começava a nascer, mas ainda tinha de passar por muitas fases até à sua colheita e debulha em Junho e Julho do ano seguinte.




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