quarta-feira, 29 de março de 2017

A aventura do Ti Fura ao fundo do pego de Dona Catarina no Rio Guadiana

A aventura do Ti António Fura na viagem náutica ao fundo do mítico pego de Dona Catarina no rio Guadiana 

O pego de Dona Catarina situa-se/situava-se junto à foz da Ribeira do Lucefécit no rio Guadiana. Desde sempre, foi um pego mítico, falava-se dele nas terras de Capelins como sendo o de maior profundidade nos limites de Capelins.
O Tio António Fura, desde criança, começou a dominar os segredos da água, as correntes, os perigos dos remoinhos e principalmente o domínio do fôlego o que sempre lhe permitiu mergulhar como ninguém. Grande parte da sua vida foi perto da água, desde a dita Ribeira até ao rio Guadiana. Assim, à medida que foi crescendo e ouvindo contar que não existia por aqui, nenhum pego tão fundo, começou a alimentar a ideia de um dia lá nadar e descer até às suas profundidades.
Quando teve o seu barco de pesca, cada vez que navegava pelo referido pego, mais ansiedade sentia em concretizar o seu sonho, deu voltas à cabeça a pensar como havia de fazer, mergulhou lá algumas vezes, mas não conseguia avistar o fundo, fez medições com cordas e pesos, que desciam, desciam, esgotavam-se e não chegavam a sítio firme, mas essas situações ainda lhe davam mais força. Depois de fazer mentalmente os seus planos, contou a um amigo, o Ti Nabais (falecido), que estava decidido a descer ao fundo do pego de Santa Catarina e, que precisava da sua ajuda e não lhe deu tempo para discordar, porque na sua cabeça estava tudo em andamento, foi só marcar o dia e, nesse dia lá estavam os dois, entraram no barco e o Ti Fura remou até ao lugar que já estava cansado de marcar na própria água. Disse ao Ti Nabais, que o mergulho era naquele sítio e o papel dele era segurar ali o barco, para ele se orientar e para o recolher, quando viesse à tona de água, tão simples quanto isso. A seguir, o Ti Fura, sem nenhum preparativo, sem colocar a hipótese de correr mal, sem proteção, sem oxigénio, sem traçar um plano de ajuda no caso de ser necessário, respirou fundo e desapareceu nas águas do pego de Dona Catarina e o Ti Nabais ficou a tomar conta do barco. O Ti Nabais, esperou, esperou, passou o tempo considerado normal e ele entrou em desespero, sem saber o que fazer, começou aos gritos: Fura, Fura, Fura, ai meu Deus, já não vem para cima e começou a chorar num grande pranto. Quando já não tinha esperança que o Ti Fura sobrevivesse, apareceu ele à tona de água, muito fresquinho, porque, conforme contou depois de concluída aquela aventura, o que mais lhe custou foi aguentar o frio, uma vez que, quanto mais descia, mais gelada estava a água mas nunca lhe passou pela cabeça desistir, o objetivo era atingir o fundo do pego de Santa Catarina, onde nos nossos tempos, nunca nenhum ser humano tinha chegado e, assim conseguiu concretizar o seu velho sonho, com risco da própria vida! 
Quem o conhece, bem sabe que o Ti António Fura, tinha que descer ao fundo do pego de Dona Catarina! 


Era aqui o pego de Dona Catarina


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