terça-feira, 4 de julho de 2017

Capelins Enclave do Grande Lago de Alqueva

Capelins - Enclave do Grande Lago de Alqueva

A Freguesia de Capelins (Santo António), é constituída pelas Aldeias de Faleiros, Ferreira de Capelins, Montes Juntos e por uma pequenina parte de Cabeça de Carneiro,  tem 527 habitantes, segundo os censos de 2011, situa-se no Concelho de Alandroal, Distrito de Évora.
As terras de Capelins são povoadas desde a Pré-História, existem restos arqueológicos de vários povoados no vale das Ribeiras de Lucefécit, Azevel e do rio Guadiana. Os Romanos deixaram aqui, muitos vestígios da sua permanência, desde as Minas nas herdades de Defesa de Ferreira, Negra e Amadoreira, a Villa de Ferreira Romana, Necrópoles e o Forte no Outeiro dos Castelinhos. Este Forte era semelhante ao Castelo da Lousa, no rio Guadiana, perto da Aldeia da Luz, Mourão, agora submerso pelas águas do Grande Lago de Alqueva.
Junto à atual Ermida de Nossa Senhora das Neves, existe uma Necrópole da Idade Média, sepulturas escavadas na rocha, foram identificadas doze sepulturas, mas decerto existem mais. Pensamos que, estas sepulturas, estariam no interior da Igreja Matriz de Santa Maria, edificada neste lugar em 1314. No cabeço em frente, localiza-se o Monte de Ferreira, seria aqui o Lugar de Ferreira que integrava a Vila Lugar de Ferreira, ainda podemos observar um silo comunitário ou cisterna fora das paredes que delimitam a propriedade do Monte de Ferreira, e outro semelhante no alto dentro desta propriedade, em 1800, conforme escreve o historiador espanhol José Cornide, ainda aqui existiam 32 casas.
No mapa geográfico do Alentejo, feito em 1777 pelo Sargento Mor Jozé Monteiro de Carvalho, oferecido à  Rainha Dª Maria I, regista a existência de um Forte Abaluartado na Vila Defesa de Ferreira. Este Forte, devido ao lugar assinalado no referido mapa, é o Castelo de Ferreira no Outeiro do Pombo, na margem direita   do rio Guadiana, na herdade da Defesa de Bobadela, acima da Cinza, do qual, ainda podemos observar algumas fortes paredes, mas nessa data parece que já tinha sido arrasado para não ser tomado pelos castelhanos, uma vez que era difícil a sua defesa pelos portugueses. Talvez tenha sido mandado arrasar pelo rei D. Manuel I.
A Vila de Ferreira, que era quase todo o espaço geográfico da atual Freguesia de Capelins, exceto Faleiros e as herdades de Nabais e Sina, em 1698 foi repartida em herdades, mais pequenas, sendo vendidas a privados, exceto as herdades dea Defesa de Ferreira e Defesa de Bobadela, as quais, foram doadas à Casa do Infantado no dia 21 de Abril de 1698, até 18 de Março de 1834, quando aquela Casa foi extinta por D. Pedro IV, em volta das ditas herdades ainda podemos observar marcos, que embora limados pode-se ver o brazão do Estado do Infantado.
Nas Ribeiras de Lucefécit e Azevel, assim como no rio Guadiana existiam vinte e dois Moinhos de água, o mais velho situava-se junto à Vila Romana de Ferreira, parece que, era da época romana para triturar o minério, mas estão todos submersos.
Também, no vale da Ribeira do Lucefécit e do rio Guadiana, devido às características da terra, da argila, existiram, pelo menos desde a época romana, fabrico de objetos de barro,  potes, telhas, tijolos e baldosas, até à década de 1960, existindo ainda ruínas de alguns fornos. 
A exploração do minério, iniciada pelos romanos, continuou até ao século XX, principalmente Ferro e Cobre, ainda podemos visitar a mina de ferro romana na herdade da Defesa de Ferreira.
A economia desta região baseou-se sempre na agro pecuária e, até 1976, no contrabando.
São muitos os segredos das terras de Capelins, alguns ainda por desvendar. Devido a ser Vila Defesa foi lugar de acolhimento de foragidos por delitos cometidos noutros lugares e que depois de entrarem aqui, não podiam ser presos para serem levados para outros lugares. Também foi lugar de acolhimento de judeus, de cristãos novos e de marranos.
A Natureza destaca-se nestas terras, onde podemos observar muita fauna e flora que está quase extinta noutros lugares. Por todo a Freguesia de Capelins, mas principalmente nas imediações do Grande Lago, podemos observar muitas aves, como a rara Cegonha Preta (Ciconia nigra), das quais existem pouco mais de cem casais em Portugal e de rapina a planar em altitude moderada em frente aos nossos olhos. Facilmente se vislumbram, raposas cinzentas pertencentes à família Canidae e javalis (nome científico: Sus scrofa), também conhecido como javardo, porco-bravo, porco-monteiro e porco-montês (as fêmeas são conhecidas como javalina).

Na Primavera a paisagem é deslumbrante, os tapetes de flores de diversas cores, são um encanto. 
No Verão, durante a manhã, podemos passear, fazer caminhadas ou andar de bicicleta entre os montados de Sobreiros (Quercus suber) ou Azinheiras (Quercus ilex), ou ainda, visitar a sereníssima praia das Azenhas D'El-Rei, situada na Porta D’ El – Rei, muito perto da Aldeia de Montejuntos. 

Lugares arqueológicos acessíveis: 
1 - Mina Romana de Ferreira - Herdade da Defesa de Ferreira de Cima;
2 - Forte Romano no Outeiro dos Castelinhos - Herdade da Defesa de Ferreira de Cima;
3 - Pedreira de xisto romana, porto das Águas Frias de Baixo - Herdade da Defesa de Ferreira;
4 - Porto Romano das Águas Frias de Baixo (Submerso) - Via romana para Mérida, capital da Lusitânia - Herdade da Defesa de Ferreira de Cima;
5 - Lugar onde se situa o Moinho romano (Moinho Velho, submerso) - Herdade da Defesa de Ferreira de Cima;
6 - Lugar onde se encontra o Moinho das Neves (submerso) - Herdade da Defesa de Ferreira;
7 - Necrópole da Idade Média, 12 sepulturas escavadas na rocha - Herdade da Defesa de Ferreira;
8 - Ermida de Nossa Senhora das Neves, do século XVII - Herdade da Defesa de Ferreira; 
9 - Lugar da Vila de Ferreira Medieval e silos comunitários, ou cisternas, Cabeço do Monte de Ferreira e Herdade da Defesa de Ferreira;
10 - Histórico Monte do Escrivão, já antes habitado pelos romanos - Herdade da Defesa de Ferreira;
11 - Necrópole na Herdade da Negra;
12 - Mina,  Necrópole e Forno no Roncão;
13 - Porta D' El - Rei - Praia Fluvial;
14 - Mina e Sepultura na  Amadoreira;
15 - Castelo de Ferreira, ainda existente no reinado de D. João II, e povoados do período neo-calcolítico, no Outeiro do Pombo - Defesa de Bobadela.


Neves - Capelins


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