domingo, 30 de dezembro de 2018

Flora de Capelins - Oliveira

Terras de oliveiras e olivais 

A oliveira 

Nome científico: Olea europaea L. 
A oliveira é uma árvore da família das oleáceas que existe em abundância nas terras de Capelins!
Os frutos da oliveira são as azeitona, usadas, essencialmente para fazer azeite, mas também , depois de devidamente tratadas, podendo ser retalhadas, com 3/4 golpes ao alto, pisadas com um martelo ou melhor com uma simples pedra, são adoçadas em água, que é mudada diariamente e, em cerca de quinze dias estão prontas a consumir, adiciona-se apenas sal, oregãos e louro! Porém, a conserva que era feita em todas as casas dos capelinenses, começava por se escolher a azeitona já madura e sem nenhuma mácula, depois, era mergulhada dentro de água dentro de uma vasilha de barro chamada tarefa ou asada, onde permanecia entre o mês de Dezembro a Março, no final deste mês, eram temperadas com muito sal, oregãos e louro e, depositadas novamente na mesma vasilha, ou similar, onde ficavam em repouso dentro de água, cerca de dois a três meses, depois já podiam ser consumidas e deviam durar odo o ano, fazendo sempre parte das merendas, (almoços), dos que trabalhavam no meio rural, que eram, quase todos/as os/as capelinenses! Um bocadinho de pão com azeitonas, era muitas vezes o alivio da fome de muitos capelinensnes e dos pedintes que apareciam frequentemente, em grande número nestas terras de Capelins! 
Nas terras de Capelins, concretamente no Monte Grande da herdade da Defesa de Ferreira, existia um lagar de azeite que, além de empregar durante meses, alguns capelinenses, sob a responsabilidade do Ti Limpas, produzia azeite de alta qualidade, principalmente, com as azeitonas das oliveiras da própria herdade, que existiram até cerca de 1978, quando o olival desapareceu por opção do seu proprietário, ficando o dito Lagar inativo, também por se encontrar obsoleto! 
O azeite era empregado como unguento, combustível para iluminação, ou na alimentação, e por todas estas utilidades, a oliveira tornou-se uma árvore venerada por diversos povos! 
A Civilização Minoica, que floresceu na ilha de Creta até 1 500 a.C., prosperou com o comércio do azeite, sendo dos primeiros povos que aprendeu a cultivar a oliveira e a tratar a azeitona!
Os gregos, que possivelmente herdaram as técnicas de cultivo da oliveira dos minoicos, associavam a árvore à força e à vida, sendo esta árvore tão importante que é citada na Bíblia em várias passagens, assim como, os seus frutos!
A longevidade das oliveiras é grande, estima-se que, algumas das oliveiras presentes em Israel tenham mais de 2 500 anos de idade, mas também, muito próximo das terras de Capelins estão registadas oliveiras com essa idade, talvez, as mais idosas do mundo!
Na Grécia Antiga já se falava das oliveiras, conta-se que, durante as disputas pelas terras onde hoje se encontra a cidade de Atenas, Posidão teria feito surgir um belo e forte cavalo com um golpe de seu tridente e a deusa Palas Atena teria então trazido uma oliveira capaz de produzir azeite para iluminar a noite e suavizar a dor dos feridos, fornecendo alimento rico em sabor e energia!
Na realidade, foram encontrados vestígios fossilizados de oliveiras em Itália, no Norte da África, em pinturas nas rochas das montanhas do Saara Central, com idade de seis mil a sete mil anos! Também foram encontradas múmias da XX dinastia egípcia vestidas com grinaldas trançadas de oliveira! Em Creta, foram encontrados registos em relevos e relíquias da época minoica (2 500 a.C.).
Os estudiosos de história concluem que, o azeite, faz parte da alimentação humana há muitos milénios! 
Os estudos concluem que, a oliveira é originaria do sul do Cáucaso, das planícies altas do Irão e do litoral do mediterrâneo, da Síria e Palestina, expandindo-se posteriormente para os restantes países Mediterrânicos, chegando às terras de Capelins e vizinhas, há mais de 2.000 anos. 
Face ao exposto, os antepassados capelinenses, tinham muito respeito por esta árvore!


Oliveiras de Capelins 



sábado, 29 de dezembro de 2018

Flora de Capelins - Piorneira

Arbustos de Capelins  
A piorneira  
A piorneira (Genista tenera), é uma planta existente em abundância nas terras de Capelins! Estudos bioquímicos sobre a sua composição têm mostrado que é rico em compostos flavonóides e alcalóides! 
Para além dos seus efeitos antidiabéticos, também têm sido efectuados estudos epidemiológicos no domínio oncológico, das doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, como as doenças de Alzheimer e de Parkinson! 
O uso tradicional do piorno e a sua investigação científica como planta medicinal exigem, cada vez mais, novos estudos, designadamente, os que se relacionam com o conhecimento dos seus mecanismos de propagação, tendo em conta a possível utilização comercial da planta e a sua produção em sistemas agrícolas extensivos! 
Nas terras de Capelins, outrora era usado para cobertura de casas, cabanas, abrigos para animais, acender e alimentar o lume, mas o piorno é uma planta medicinal que pode ser explorado para este fim, podendo no futuro, ser um fator económico nas terras de Capelins.


Piorneiras de Capelins 


Flora de Capelins - Esteva

A Esteva em Capelins 
Nome científico: Cistus ladanifer 
A esteva é uma espécie de planta com flores da família Cistaceae, é um arbusto que atinge 1-2,5 m de altura e de largura! As suas folhas são persistentes, lanceoladas, com 3–10 cm de comprimento e 1–2 cm de largura, de cor verde escuro na face superior e mais claro na inferior! As suas flores têm 5–8 cm de diâmetro, com 5 pétalas brancas finas, normalmente com um ponto vermelho a castanho na base de cada uma, rodeando os estames e pistilos amarelos! 
Toda a planta se apresenta recoberta com um exsudado de resina aromática! 
As folhas libertam uma resina aromática, o ládano ou lábdano, usado em perfumes, especialmente como fixador!
O epíteto específico da esteva "ladanifer" vem do facto de ela produzir a resina denominada ládano cuja abundância lhe permite competir com outras espécies, visto que parece inibir o crescimento destas, esta estratégia é denominada alelopatia. 
A resina serve também para proteger a planta contra a dissecação! 
A esteva é muito abundante nas terras de Capelins, encontramos esta planta em quase todos os lugares desta Freguesia, com maior predominância nos vales das Ribeiras de Lucefécit e Azevel e no Vale do Rio Guadiana! 
Concluímos que, a "esteva" pode ser uma fonte de matéria prima para a industria de perfumaria e outros fins económicos, porque sabe-se que é um poderoso antissético, anti-bacteriano e anti-viral.

Estevas de Capelins 


Flora de Capelins

Rosmaninho
Capelins terras de Rosmaninho 

Nome Comum: Rosmaninho
Nome Científico: Lavandula luisieri (Rozeira) Rivas-Martínez
Família: Labiatae 
O Rosmaninho existe em abundância nas terras de Capelins, nos lugares mais altos e secos, como a Serra da Sina, Canto de Igreja, Terraço, Barrinhos, Baldio, Carrão e, outros lugares a sul da Freguesia! 
Esta planta, ficou conhecida no final da Idade Média por possuir propriedades medicinais, embora por aqui nunca tivesse muito aproveitamento! 
É um arbusto vivaz, ereto, ascendente ou prostrado que pode atingir 50 cm de altura, tem o caule lenhoso, as folhas coriáceas, lineares ou lanceoladas, um pouco enroladas!
As suas flores são arroxeadas, tubulares e labiadas, inseridas em bráteas da mesma tonalidade, dispostas em espigas de dois a oito cm, tendo no seu topo três bráteas tepalóides compridas de cor violeta, ou lilás e tem um cheiro muito semelhante a alfazema! 
A sua floração é a partir de fins de Fevereiro/Março até Junho/Julho, mantendo-se toda a primavera e parte do verão!
Hoje, não tem utilidade, mas nas terras de Capelins tinha usos tradicionais como: 
Tratamento de problemas do foro nervoso (insónias, irritabilidade, enxaquecas), da digestão (indigestão, cólicas, gases, distensão abdominal) e de certos tipos de asma (efeito relaxante). 
Esta planta é bastante importante no fabrico do mel, visto ser, uma espécie muito melífera! O mel de rosmaninho é muito famoso pelo seu sabor e cheiro único e inconfundível. Também devido às suas características é usado na confecção de produtos de higiene e beleza, tais como, perfumes, sabonetes, loções capilares, cremes calmantes e balsâmicos! 
As suas flores podem ser usadas como insecticidas e rubefacientes!
O Rosmaninho, também se utilizava na religião, como por exemplo, os cristãos na altura da Páscoa costumavam fazer tapetes de rosmaninho, alecrim e ramos de loureiro, à entrada da porta para receber a Visita Pascal.
Também em tempos antigos era usual as pessoas festejarem o Solstício de Verão à volta de fogueiras, usando na cabeça grinaldas feitas de verbena e rosmaninho, que depois eram atiradas à fogueira ao mesmo tempo que se pedia um desejo. 
O Rosmaninho, continua a existir nas terras de Capelins, mas as tradições desapareceram.

Rosmaninho 


sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

O Ribeiro do Carrão nas terras de Capelins

O Ribeiro do Carrão nas terras de Capelins 

O Ribeiro do Carrão, tem cerca de seis quilómetros, incluindo os cursos dos Ribeiros que o complementam, parece ser o maior e mais relevante, que nasce e desagua no território da Freguesia de Capelins. Tem início em diversos lugares, através dos seus afluentes ou complementares, este Ribeiro tem vários hidrónimos, consoante os lugares ou propriedades por onde vai passando. Assim, de "Norte" para "Sul", são muitos os riachos e Ribeiros que o alimentam, até à sua foz na Ribeira do Lucefécit, na herdade do Roncão, hoje Grande Lago de Alqueva. 
O Ribeiro de Ferreira, é um dos Ribeiros que o complementam, começa a sua formação com as águas que escorrem das encostas do Monte de Igreja, da parte direita do Cebolal, do Patrício e das valetas do Caminho Municipal de Faleiros para Ferreira e Montejuntos, até  cerca de 500 metros a "Norte" da entrada na aldeia de Ferreira de Capelins. Neste lugar, o Ribeiro de Ferreira, passa por um pequeno pontão e, é forçado a correr para "Este" continuando a receber pequenos cursos de água vindos do lado esquerdo, do Cebolal e do Gomes e do lado direito recebe a água de um riacho vinda de "Capelins de Cima". Antes de ser atravessado pelo Caminho para o Gomes, para o Monte da Oliveira e da ti "Patalona", recebe do lado esquerdo, o Ribeiro do Gomes que passa pela rua deste ultimo Monte e, um pouco abaixo do dito Caminho, do mesmo lado, outro pequeno riacho vindo também da região do Gomes. 
Até ao lugar onde passa por baixo do pontão do Caminho Municipal que liga as Terras de Capelins às Terras do Rosário, tinha pelo menos, quatro lavadouros, construídos com pedras atravessadas no seu curso, as quais, prendiam a água e, nas suas margens eram assentes outras pedras inclinadas para esfregar e bater a roupa. Estes lavadouros, eram muito importantes para as mulheres, moradoras em "Capelins de Cima", porque lhes permitiam fazer a lavagem da roupa, perto de casa, enquanto existia corrente que, podia durar muitos meses no Inverno e na Primavera. 
A partir deste lugar, muda novamente a direção para "Sul", deixa o Poço do Telheiro à esquerda e, a cerca de 150  metros, entra na herdade da Defesa de Ferreira, ficando o eucaliptal à esquerda e a horta à direita, ambos da Casa Dias. Um pouco abaixo, existe uma pequena barragem, construída há cerca de um século, com a finalidade de estancar as águas e diminuir a força da corrente para permitir a passagem do gado, pessoas, carretas e carroças da mesma Casa, entre a herdade, as instalações agrícolas e o Monte Grande, ao mesmo tempo, alagava um espaço de terra para mais tarde ser semeada com culturas de verão, meloal, milho ou feijão frade, mantendo a terra fresca por mais tempo. 
O Ribeiro de Ferreira  segue o seu curso e, à esquerda, estava a Malhada dos porcos da Casa Dias, a cerca de 200 metros, recebe do lado esquerdo, a água de um pequeno riacho vindo das encostas das Colmeadas  e da Canada da herdade da Defesa de Ferreira, logo a seguir, também à esquerda, deixa o Poço da bomba, propriedade da Junta de Freguesia de Capelins, lugar onde embaraçava os moradores de "Capelins de Baixo" que tinham de recorrer a este Poço e, eram obrigados a usar as perigosas passadeiras, ou por vezes, não conseguiam passar por ali.
 Vai descendo e, a cerca de 200 metros é reforçado por mais um curso de água, designado: Ribeiro da Aldeia, ou do Chorão, cuja origem da água começa nas escorrencias das encostas dos Barrinhos, Foros, Monte Novo, Pinheiro e do Sul de "Capelins de Cima", passa pelo Monte da Cruz, Poço Largo, Poço do Chorão, hortas da Aldeia, recebendo pequenos riachos das  águas vindas dos lados do Monte do Meio e de  "Capelins de Baixo" e, a cerca de 300 metros abaixo, é a sua foz, junto à interceção dos dois caminhos vindos do lado do Monte do Meio, Norte e Oeste, um pouco acima do Poço da Estrada, onde faz uma pequena curva empurrando a herdade da Defesa de Ferreira. 
Antes de atravessar o Caminho do Malhão, onde rasa o Poço da Estrada, que chegava a submergir nas suas águas e até a invadir a horta, recebe mais um riacho que lhe entrega as águas escorrentes do lado sul do Pinheiro, do Monte Novo, as do vale do Monte Real e do lado sul de "Capelins de Baixo", passando um riacho atrás do Monte do Marco e outro em frente, encontrando-se ambos mais abaixo, continuando a recolher as águas das encostas do lado norte do Monte das Serranas e da encosta a sul do Monte da Figueira e, desagua no dito lugar no Ribeiro de Ferreira. 
O Ribeiro de Ferreira continua a correr na direção "Sul" e, a menos de um quilómetro, junto à Silveirinha, encontra-se com o Ribeiro do Quebra ou Ribeiro das Cobras, no qual desagua.  
Naquele lugar, a direção do Ribeiro de Ferreira é do "Norte" e, não segue em frente, esbarrando no Ribeiro do Quebra que vem do lado "Oeste" e, efetivamente segue a sua linha, em frente na direção da herdade da Ramalha, cujo lugar de encontro dos dois Ribeiros é semelhante a um "T", sendo o Ribeiro de Ferreira a desaguar no Ribeiro do Quebra, passando este a ser o principal, com o hidrónimo de "Silveirinha".
O Ribeiro do Quebra, das Cobras ou Terraço, tem o seu início na Serra da Sina no lado ocidental da Igreja de Santo António, recebe as águas escorrentes das encostas a sul desta Serra, do Canto de Igreja, da herdade do Terraço, da herdade do Monte Real, da herdade do Seixo e outros riachos, pelo que, dependendo das chuvadas, pode formar grande caudal até ao encontro com o Ribeiro de Ferreira, na Silveirinha e Ramalha.
Agora, um único Ribeiro, ladeado pela herdade da Ramalha à esquerda e da Silveirinha à direita, começa a descrever uma curva, virando novamente a sul até às Bispas recebendo maiores ou menores riachos vindos da herdade da Ramalha e da Silveirnha, já nas Bispas, descreve outra curva virando na direção "Este", sendo a partir daqui designado por Ribeiro do Carrão por ser neste lugar a sua entrada na antiga herdade do Carrão, no entanto, mais abaixo também tem a designação de Ribeiro da Zorra, por passar junto a esta herdade.
Já com a hidrónimo de Ribeiro do Carrão, entram nele, no lado direito, o Ribeiro das Bispas e, do lado esquerdo, da Zorra, um pequeno riacho! O Ribeiro das Bispas entrega-lhe águas vindas das pequenas encostas a "Norte" de Montejuntos, de toda aquela região e da Capeleira, atingindo um grande caudal.
Ao passar em frente ao Monte da Zorra é atravessado por um caminho que antigamente seguia paralelo e separava-se na direção dos Montes do Carrão, e Montejuntos, sendo muito difícil a sua travessia em anos de invernia.
Após deixar a herdade da Zorra, à esquerda, um pouco abaixo é atravessado por outro caminho de ligação entre os diversos Montes: do Escrivão, Colmeal, Talaveira e Talaveirinha, à Aldeia de Montejuntos, em tempos, era muito usado e, cuja travessia era feita por passadeiras! A seguir recebe as águas do Ribeiro da herdade da Negra, cuja herdade fica à sua esquerda, a partir daqui, descreve várias curvas, procurando o sul. 
Continua o seu curso e é ladeado à esquerda pela herdade da Talaveira e, à direita por Courelas do Carrão, depois de muitas curvas, a cerca de 600 metros, é atravessado pelo outro caminho que liga a Aldeia de Montejuntos e os Montes de S. Miguel e do Roncão, também aqui já com grandes correntes, era atravessado por cima de passadeiras! Mais abaixo, já perto da sua foz, ainda recebe as águas de alguns Ribeiros e riachos da direita, do Carrão e herdade do Pombal e, à esquerda das herdades da Talaveira e do Roncão, depois vai virando a Leste e, após cumprir o seu destino, chega finalmente ao encontro da Ribeira de Lucefécit, (Grande Lago de Alqueva), na herdade do Roncão, com um caudal digno de uma Ribeira. 
O lugar mais distante da foz do Ribeiro do Carrão e onde o mesmo tem início, é a  Serra da Sina, uma vez que, o Ribeiro do terraço que antecede o do quebra, recebe águas do canto da Igreja e da serra da Sina.  

Fim 



A bolêta das terras de Capelins mostra o seu poder

A bolêta das terras de Capelins mostra o seu poder 

A bolota , à qual os Mouros chamavam ballúta e os capelinenses bolêta, é o fruto produzido pela azinheira, existindo em abundância nas terras de Capelins!
Conforme já aqui divulgamos, existiam muitos povoados da Idade do Ferro, nas terras de Capelins, onde habitaram os lusitanos e outros povos, antes da chegada dos Romanos e, já então, faziam farinha das bolotas e com ela um pão muito apreciado! 
Hoje em dia, as propriedades alimentícias e de cosmética das bolotas começam a ser valorizadas por cientistas de todo o mundo, gerando um potencial mercado!
Desde o período da Idade Média, em algumas Aldeias da nossa região, utilizam o recheio de bolota triturada para curar doenças, obtendo bons resultados!
Nos últimos séculos, nas terras de Capelins, a bolota foi e é alimento para porcos, porém, talvez no futuro possa ter outro aproveitamento, uma vez que, existem estudos relativamente recentes que mostram ter a bolota um enorme potencial, não tem glúten, podendo ser alternativa aos celíacos e, tem alto poder antioxidante, uma gordura semelhante à do azeite e compostos que podem ajudar ao combate de doenças como o cancro e o Alzheimer! 
Há bolotas de todos os tamanhos de diversas formas, doces e amargas, falta saber se todas têm as mesmas propriedades!
Parece que, no futuro, vamos começar a olhar a bolota com outros olhos, não será só para porcos!


Bolotas 



Os lugares das compras dos capelinenses noutros tempos

Os lugares das compras dos capelinenses noutros tempos
Noutros tempos, as compras de produtos, dos quais os capelinenses não eram autosuficientes, eram feitas nas feiras de Reguengos, Redondo ou Vila Viçosa, porém havia outras que eram feitas em mercearias das Aldeias que, dispunham de produtos que mais se consumiam no dia a dia! Estas Mercearias não tinham horário, se eventualmente estivessem fechadas, todas as pessoas sabiam onde procurar os proprietários que, a qualquer hora do ida ou da noite, iam aviar o que cada cliente desejava, nunca podiam desperdiçar uma venda, era desgoverno, nem que fosse meio arrate (500 gramas) ou uma quarta (250 gramas) de arroz, açúcar ou massa, podendo nem ver o dinheiro naquele momento, porque, a maior parte das vezes o pagamento era: aponte aí! Depois, mais tarde, tinham de pagar! Muitas vezes, homens e mulheres trabalhavam longe de casa, em herdades das redondezas e, chegavam já pela noite dentro, pelo que, ainda tinham de recorrer à Mercearia, estivesse fechada ou aberta, era só chamar e, o merceeiro tinha de interromper a ceia e ir atender a cliente! Era uma situação injusta, mas nesse tempo, tudo era injusto, o merceeiro, nem podia comer descansado, não podia dormir descansado, não podia dormir a sesta, nem afastar-se da Mercearia, para não ser censurado, era uma vida que, aparentemente parecia boa, por ele estar debaixo de telha, não apanhava chuva nem frio, mas era muito desgastante, então, um merceeiro de Capelins, saturado daquela vida, nem pensou duas vezes e afixou na porta o horário de funcionamento da sua Mercearia, escrevendo assim, numa folha de papel pardo, de embrulho: 
Aviso
Abridura às 7 
Fechadura às 12
Abridura à 1
Fechadura às 8 
E depois da Fechadura, não há mais Abridura. 
Conforme nos contaram, ninguém ligou ao Aviso, não só porque, poucas sabiam ler, mas era assim a necessidade e a tradição e, tudo continuou com era antes! Quando o chamavam para ir aviar algum produto, fora do horário afixado, nunca se negava, mas perguntava sempre: "Viste o horário?" E a maioria das resposta das clientes era: "Vi, vi, ti Zéi, mas hoje não quero, ainda lá devo ter quase meia arrati": 
E tudo continuou como antes! 
Hoje, já não temos Mercearias dessas, nas terras de Capelins! 



sábado, 22 de dezembro de 2018

Tradições do Natal nas terras de Capelins

Tradições do Natal nas terras de Capelins 

Numa região como Capelins de reduzidas dimensões territoriais, é impensável que a festa da Natividade assuma proporções etnográficas dignas de elevado relevo. 

Pensamos que, desde a fundação da Vila de Ferreira em 1314 por D. Dinis que, aqui se celebra esta solene data, porque, foi logo erigida a Igreja Matriz de Santa Maria no lugar onde hoje se encontra a Ermida de Nossa Senhora das Neves e, a Igreja nunca deixaria passar a dita celebração no dia 25 de Dezembro, a Natividade, ou seja, aniversário do nascimento de Jesus Cristo e a adoração dos Reis Magos. 
Como sabemos, a primeira festa da Natividade consolidou-se durante a vigência do Papa Sisto III (432-440), e indicava já o estabelecimento de duas celebrações muito características: 
A do Presépio e a da Santa Missa, com as devidas orações litúrgicas. 
O Presépio deu grande impulso à festa da celebração e realizava-se principalmente na basílica romana de Santa Maria, que passou desde então a denominar-se ad praesepe. 
Os ofícios litúrgicos, celebravam-se no mesmo templo e tinham um acentuado carácter Mariano, obedecendo à clara intenção de converter a Natividade numa vigília noturna, semelhante à que se celebrava na Páscoa.
A devoção e o gosto pela festa da Natividade acentuaram-se ainda mais quando o Papa Teodoro, no século VII, trouxe para Roma as relíquias do berço do Menino Jesus e das manjedouras dos animais que o aqueceram na noite do seu nascimento em Belém.


É verdade que, não encontramos documentos específicos sobre as celebrações do Natal nas terras de Capelins na Idade Média, mas temos testamentos com mais de 500 anos que demonstram a fé e a religiosidade aqui existente no início de 1500, logo, essa fé Cristã, decerto, não podia estar dissociada das celebrações do Natal.

Associada à festa do Natal celebravam-se durante a Alta Idade Média três missas rezadas pelo Papa na Igreja de Santa Maria Maior, destacando-se a da meia-noite, designada por Missa do Galo por ser propiaquante gallorum canti. 

A segunda missa, era ao romper da manhã e rezava-se na

Igreja de Santa Anastacia, que hoje já não existe, e a terceira na Basílica de São Pedro, Vaticano.
A Missa do Galo significava o nascimento de Jesus Cristo! A da madrugada a felicidade que Jesus Cristo veio trazer aos homens e, a terceira a realização das promessas da Lei Santa.
Atualmente, só a missa do Galo persiste na tradição Cristã e no espírito dos crentes.
No entanto, assinala-se a permanência de algumas tradições da época medieval que, nas terras de Capelins, existiram e, algumas ainda existem, embora, com menos motivação, depois do grande surto emigratório nos anos de 1960.
Mesmo assim, na época natalícia ainda continuam a manter algumas tradições, como são: a queima dos madeiros, a consoada, a Missa do Galo, o presépio, e os Reis. 
Em Capelins, (Montejuntos e, Ferreira de Capleins) continua a tradição do lume na noite de Natal, alimentado por grandes madeiros, troncos de azinheiras que ardem toda a noite e ainda no dia de Natal, podendo ser de oliveira, a árvore da paz, por ser dessa madeira a cruz de Cristo. Por outro lado, são associadas tradições profanas, quanto mais grossos fossem os madeiros, mais gordo seria o porco para a matança do ano. Além disso, também existem outras lendas que lhe atribuem poderes sobrenaturais, sempre relacionados com Jesus Cristo.

A Consoada, também designada por festa da família, por se reunir à mesa a maioria dos familiares, era costume realizar-se depois da Missa do Galo, mas hoje, essa tradição já não é o que era, assim como, a composição das ementas, devido à franca melhoria económica das famílias! No entanto, há iguarias, embora reforçadas, que ainda continuam a manter a tradição nas terras de Capelins, entre as quais, as diversas doçarias, como as filhós, azevias, borrachos, nogados, arroz doce e outros.

A Missa do Galo, celebrava-se à meia noite, decerto que, na Idade Média na Igreja de Santa Maria, Matriz da Vila de Ferreira, depois, na Igreja de Nossa Senhora das Neves e, mais tarde na de Santo António e, também na Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Montejuntos, após a construção da mesma, porém, com a emigração de muitos capelinenses nos anos de 1960, começaram a comparecer cada vez menos fiéis, acabando por deixar de se realizar, ou apenas se tem realizado em alguns anos na Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Montejuntos. 

A Missa do Galo só se realizava nesta Quadra do ano, logo tinha algumas diferenças das outras, a sua atração era o desvelamento do Presépio, que até aí permanecia envolto numa cortina para dar ao ato um caráter mais solene. O Padre, após dar a conhecer a ingénua composição das figuras, celebrava a missa enquanto o povo entoava cânticos de Natal. Por fim, o Padre dava o Menino Jesus a beijar aos fiéis que, silenciosamente lhe pediam protecção, saúde e mercês.

Foi São Francisco de Assis (1182 - 1226) que teve a ideia de fazer reviver os presépios através da arte popular, as cenas bíblicas diretamente relacionadas com o nascimento de Jesus Cristo, os quais, constituem uma lição viva de fraternidade, amor e humildade.

O presépio, é composto pela Sagrada Família, os Reis Magos, a cascata com a manjedoura e os animais que aqueceram o Menino Jesus dentro da gruta. No entanto, o povo foi acrescentamento muitas outras figuras que se pensa existiam naquela época. 

Os presépios, eram feitos nas Igrejas das terras de Capelins, nas residências particulares dos capelinensses e, principalmente nas escolas e, ainda hoje, são feitos em Ferreira de Capelins e em Montejuntos. 

Pode ver-se em Montejuntos neste Natal de 2018!

O cantar aos Reis remonta, igualmente ao tempo do paganismo, em imitação das Saturnais Romanas, quando novos cristãos se convertiam a esta religião! Nestes cânticos estava contido todo o espírito popular, a criatividade, a beleza e o escárnio, muito embora neste domínio se acentuem as tradições regionais, é no entanto, comum a todos os cristãos! O cantar aos Reis era feito por pequenos grupos, algumas vezes acompanhados de instrumentos musicais, que percorriam os mais variados lugares da freguesia de Capelins, cantando às portas das residências nas aldeias e nos Montes de lavradores, entoando cânticos religiosos à mistura com quadras de fino gosto popular. 

O objectivo era serem bem recebidos pelos moradores que lhes ofereciam, geralmente, géneros para a festa, a ceia do grupo, como queijos, ovos, enchidos e outros produtos da casa! Mas, se as esmolas não agradassem, podiam sempre ouvir alguma quadra de chacota e até acabar mal. 

Assim, em 6 de Janeiro, acabava a Festa do Natal. 




sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Forte da Vila de Ferreira Romana no Outeiro dos Castelinhos em Capelins

Forte da Vila de Ferreira Romana no Outeiro dos Castelinhos - herdade da Defesa de Cima em Capelins 
Outeiro dos Castelinhos 1 - 
NS: 19659
Tipo: Fortim
Distrito/Concelho/Freguesia: Évora/Alandroal/Capelins (Santo António)
Período: Romano
Descrição: O fortim do Outeiro dos Castelinhos de Capelins implanta-se num destacado esporão junto da Ribeira do Lucefécit, fronteiro a um importante vau, adjacente a férteis solos agrícolas e a ricas jazidas mineiras. O esporão, de vertentes declivosas, apresenta uma elevada defensabilidade natural, instalando-se o conjunto edificado no topo e parcialmente nas encostas Norte e Oeste. Extensos trabalhos de escavação clandestina, levados a efeito no local, permitiram expor um impressionante conjunto arquitectónico composto por uma ampla área construída, em notável estado de conservação, com as cisternas a atingirem cerca de 2,50 m de altura visível. A construção apresenta uma grande complexidade organizativa que, à falta de um levantamento de pormenor, se torna difícil de compreender. A área edificada é constituída por dois corpos arquitectónicos principais, um no topo e outro no início da encosta Oeste, separados entre si por um corredor ou pátio, parcialmente rebaixado na rocha. Os muros exteriores de ambos edifícios apresentam uma assinalável espessura e robustez, entre 1 m e 1,50 m, e uma construção cuidada, utilizando o xisto local, por vezes em blocos de grande dimensão; os principais muros internos chegam a atingir um espessura de 0,80 cm, o que demonstra as grandes preocupações tidas com a robustez da construção. A estrutura do topo apresenta uma planta quadrangular com aproximadamente 25 m de lado, sendo constituída por um conjunto de compartimentos organizados, aparentemente, em torno de um pátio central. No seu interior são visíveis pisos em opus signinum podendo observar-se, nalguns compartimentos, restos do revestimento das paredes. O conjunto arquitectónico situado na encosta Oeste, separado do anterior por um corredor com cerca de 5 m de largura, apresenta uma planta quadrangular com cerca de 20 m x 24 m; o seu interior é substancialmente distinto do edifício do topo, apresentando três grandes tramos construtivos, com várias subdivisões, paralelos à encosta e escalonados ao longo desta. No extremo Norte deste conjunto, já na encosta Norte, situa-se a zona das cisternas. Estas destacam-se pelo seu soberbo estado de conservação, até ao arranque das abóbadas; são pelo menos quatro tanques, dois dos quais visíveis integralmente, interligados e revestidos a opus signinum. A inclusão deste sítio no grupo dos fortins parece-me óbvia, atendendo à robustez da construção e à localização privilegiada, em termos defensivos e estratégicos, ao controlar um vau da Ribeira do Lucefécit e estar adjacente a ricas jazidas mineiras. A dimensão e riqueza da área construída, tal como a impossibilidade de aferir a diacronia da ocupação3, impõem algumas reservas e muitas cautelas quanto à sua inclusão no conjunto. Na primeira publicação foi classificado como "villa fortificada" , realçando-se a robustez da construção e o seu aspecto fortificado, no que se assemelhava com o Castelo da Lousa, reconhecendo-se, contudo, que os materiais não autorizavam uma cronologia tão recuada como para este último.
Meio: Terrestre
Acesso: Pela estrada de Aldeia de Ferreira até ao Lucifecit
Espólio: Fragmentos de cerâmica comum de época indeterminada e fragmentos de terra sigillata hispânica do periodo alto imperial romano.
Depositários: ERA Arqueologia, S.A.
Classificação: -
Conservação: Bom
Processos: S - 19659 e 7.16.3/14-10(1)

O espanhol José Cornide, há mais de 200 anos, quando descreveu a localização da Vila de Ferreira de 1314, junto à Ermida de Nossa Senhora das Neves, indicou que, esta ficava uma légua a sul da primeira Vila de Ferreira, a Romana!



quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Livros da Paróquia de Santo António de Capelins 1633 - 1910

Paróquia de Santo António de Capelins 

É nestes livros que se encontra escrita a genuína história das vidas das gentes de Capelins! 
O Padre Gavião de Santiago Maior, em 1705, escreveu no assento do óbito da senhora Maria Silva, do Monte da Vinha que, a mesma era sepultada na Igreja de Santiago Maior porque a sua Freguesia de Santo António (Capelins) se encontrava deserta devido ao inimigo! 
Fomos confirmar nos registos Paroquiais de Santo António, o que o referido Padre escreveu e de verdade nessa mesma data confirma-se que, entre o dia 09 de Maio de 1705 até ao dia 03 de Fevereiro 1712, não existe nenhum registo de nascimento, casamento ou óbito na Freguesia de Santo António de Terena (Capelins) decerto por a mesma se encontrar deserta, durante essa dimensão de tempo, toda a gente fugiu daqui por não existir segurança para poderem morar aqui.
Até Maio de 1705 o Cura da Freguesia de Santo António era o Padre João Gomes, o qual, passou para a Paróquia de Santiago Maior, onde encontramos os seus Registos Paroquiais durante alguns anos. 
Em 03 Fevereiro de 1712 já se encontra na Paróquia de Santo António o Padre Miguel Gonçalves Gallego e, por aqui ficou muitos anos! 
(Não podemos garantir que não falte algum livro, porque não é fácil de acreditar que a Freguesia estivesse deserta cerca de seis anos e depois, 1712, surgiu logo a Aldeia de Capelins de Cima).
São segredos de Capelins!


Vejamos as datas dos Livros Paroquiais:
FundoPRQ/ADL04 Paróquia de Santo António de Capelins 1633-08-15/1910-12-31
Série001 Livros de registos de baptismo 1712-02-03/1910-12-04
Série002 Livros de registos de casamento 1635/1910
Série003 Livros de registos de óbito 1727-04-22/1910-12-12
Série004 Livros Mistos 1633-08-15/1802-05-23
Série005 Livros duplicados dos registos de baptismo 1860-01-01/1910-12-31
Série006 Livros duplicados dos registos de Casamentos 1860-01-01/1910-12-31
Série007 Livros duplicados dos registos de Óbitos 1860-01-01/1910-12-31
FundoPRQ/ADL04 Paróquia de Santo António de Capelins 1633-08-15/1910-12-31
Série004 Livros Mistos 1633-08-15/1802-05-23
Unidade de instalação0001 Livro misto 1633-08-15/1696-04-18
Unidade de instalação0002 Livro misto 1696-06-06/1705-05-09
Unidade de instalação0005 Livro misto 1712-08-02/1727-02-17
Unidade de instalação0003 Livro misto 1745-03-08/1785-05-09
Unidade de instalação0004 Livro misto 1773-11-25/1802-05-23

Paróquia de Santo António de Capelins 
Nível de descrição 
Fundo Fundo 
Código de referência 
PT/ADEVR/PRQ/ADL04 
Tipo de título 
Atribuído 
Datas de produção 
1633-08-15 A data é certa a 1910-12-31 A data é certa 
Dimensão e suporte 
327 fl.; papel, pergaminho

Capa de Livro Paroquial com 385 anos - Escrita na Igreja de Santo António de Capelins - 1633 


segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Monte da Vinha em Capelins - Em 1705 a Freguesia de Capelins estava deserta devido às incursões dos espanhóis

Monte da Vinha em Capelins - Em 1705 a Freguesia de Capelins estava deserta devido às incursões dos espanhóis

Através de documentos Paroquiais, neste caso, do registo do óbito de uma moradora no Monte da Vinha, em 1705, conseguimos saber que nesse ano a vida pelas terras de Capelins estava muito complicada, porque, conforme está escrito pelo Pároco de São Tiago, a Freguesia de Santo António estava deserta, devido ao inimigo, logo concluímos que, nesse ano, eram constantes as pilhagens feitas por invasores vindos de além Guadiana, obrigando à fuga dos moradores destas terras, por isso, a referida moradora do Monte da Vinha, natural da Freguesia de Santo António, teve de ser sepultada na Igreja de São Tiago! Também conseguimos saber que, o Monte da Vinha, mesmo através de outros registos, já existia nos anos de 1600!
Vejamos a integral versão do Pároco Vital Gavião:
"Aos cinco dias do mês de Setembro de 1705, faleceu da vida presente Maria da Silva, Mulher de Inocêncio Simões, moradores no Monte da Vinha, Termo de Terena, Freguesia de Santo António de Terena, donde era Freguesa e natural, faleceu com os Sacramentos da Penitência e da Eucaristia a qual eu mesmo lhe ministrei faltou-lhe a extrema Unção porquanto a não procuraram os herdeiros a Tempo, nem a mim me chamaram para esse efeito, sem embargo que não era minha ovelha, não fez testamento, está sepultada em esta Igreja de São Tiago de Terena, porquanto por causa do inimigo estava deserta a sua Freguesia, e por assim se passar na verdade fiz este termo em que me assinei, mês, era, dia ut supra.
O Cura O Ldº Vital Varregozo Gavião"


Registo do óbito de Maria da Silva do Monte da Vinha - 1705 


terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Povoação do Calcolítico - Miguéns - Capelins

Povoação do Calcolítico + de 5.000 anos em Miguéns - Capelins

Miguens 3

CNS: 16233
Tipo: Povoado
Distrito/Concelho/Freguesia: Évora/Alandroal/Capelins (Santo António)
Período: Calcolítico
Descrição: Esporão pouco pronunciado sobre o Guadiana, com ocupação calcolítica (campaniforme). Restos de três cabanas circulares relativamente bem conservadas e outras estruturas anexas.
Meio: Terrestre
Acesso: A partir de Montes Juntos (Alandroal), o acesso faz-se por caminho de terra batida.
Espólio: Cerâmica (bordos almendrados, cerâmica campaniforme internacional), percutores, mós, pedra polida.
Depositários: Manuel João do Maio Calado
Classificação: -
Conservação: Regular


Restos de 3 cabanas circulares  

Foto: DGPC


quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Povoado do Forno da Cal - Capelins

Forno da Cal - Capelins
Povoado do Forno da Cal - Proto - História - Idade do Ferro - 2.500 anos

Paisagem: Instala-se sobre uma pequena rechã, adjacente ao Guadiana, com escasso domínio de paisagem e reduzido potencial agrícola.
Estruturas: Detectaram-se dois muros rectilíneos justapostos, construídos em blocos de quartzo e lajes de xistos, de médio e grande calibre. Adjacente a estes, registou-se a presença de um roço aberto no substrato rochoso, definindo uma área de planta rectangular, com cerca de dois metros quadrados, associado a um conjunto de cerca de uma dezena de buracos de poste; trata-se provavelmente de uma construção em materiais perecíveis, eventualmente relacionada com actividades pecuárias.

Artefactos: O conjunto artefactual é bastante escasso, constituído exclusivamente por fragmentos cerâmicos e um cossoiro.
Cronologia: Séc. VI-V a.C.



terça-feira, 27 de novembro de 2018

Povoação da Proto - História - Idade do Ferro - 2.500 anos Malhada das Taliscas - Herdade do Roncanito - Capelins

Povoação da Proto - História - Idade do Ferro - 2.500 anos
Malhada das Taliscas - Herdade do Roncanito - Capelins

Paisagem: Localiza-se numa ampla rechã adjacente ao Guadiana, com escasso controlo visual sobre a área envolvente.
Nas imediações, surgem algumas pequenas manchas de solos agricultáveis.

Estruturas: A intervenção permitiu detectar dois conjuntos
arquitectónicos de planta ortogonal, resultantes, aparentemente, de um único momento construtivo, num total de mais de um centena de metros quadrados de área coberta. Em termos técnicos, os edifícios são construídos em lajes de xisto, disponível no local, de médio e grande calibre, dispostas na horizontal, apresentando, por vezes, uma construção bastante cuidada.
O conjunto edificado de maiores dimensões é composto por dois agrupamentos de edifícios dispostos perpendicularmente entre si; o maior, é composto por um grande compartimento alongado, com uma porta virada a Sul, e, dispostos perpendicularmente a este, dois ou provavelmente três outros compartimentos, um dos quais aparentemente relacionado com a armazenagem, atendendo à presença de ânforas. Perpendicularmente a este edifício desenvolve-se, encostado ao seu canto SW, um corpo arquitectónico composto por três, ou quatro, pequenos compartimentos consecutivos.
Ligeiramente afastado daquele conjunto arquitectónico, existe um grande edifício de planta quadrangular, aparentemente isolado, de construção cuidada e porta axial virada a Nascente. O interior apresentava-se bipartido longitudinalmente, com um pavimento em grandes lajes de xisto, na metade Poente. A sequência de três muros
separados por uma curta distância, detectada no canto NW, poderá indiciar a presença de um espaço relacionado com a armazenagem elevada, provavelmente de cereais.

Artefactos: O conjunto artefactual é composto maioritariamente por cerâmica, mas contemplando igualmente recipientes de vidro e artefactos metálicos. A cerâmica
é composta por cerca de 65% de recipientes a torno, correspondendo a uma gama variada de formas abertas e fechadas, nomeadamente taças de bordo simples e potes
de colo estrangulado, por vezes asados (asas de cesto, cabaz, jarro, entre outras), a par de ânforas tipo CR-I, de produção aparentemente regional. A cerâmica de produção
manual é, igualmente, composta por uma gama variada de formas abertas e fechadas; estas constituem o principal suporte das diversas gramáticas decorativas, como pequenas incisões sobre o bojo ou linhas quebradas. Registou-se a presença de um grafito; trata-se de um pentagrama, aplicado antes da cozedura, no fundo de um recipiente a torno. 
Os recipientes de vidro estão representados por dois fragmentos, de cor azul e amarela, ou amarela, verde e azul, eventualmente do mesmo recipiente. Os artefactos
metálicos são escassos correspondendo, aparentemente, a um peso e a uma agulha.

Cronologia: Séc. V a.C.
Arqueólogos:
Manuel Calado*
Rui Mataloto**
Artur Rocha***

Malhada das Taliscas - Capelins 


Resenha histórica de Capelins Povoação da Cinza - proto - história - Idade do Ferro - 2.700 anos



Resenha histórica de Capelins 
Povoação da Cinza - proto - história - Idade do Ferro - 2.700 anos

Moinho da Cinza - Capelins 


Paisagem: Implanta-se sobre uma pequena elevação adjacente ao Guadiana, encaixada entre relevos mais destacados que limitam bastante o controlo visual, dominando, todavia, um vau que lhe fica fronteiro. Toda a envolvente apresenta um escasso potencial agrícola.

Estruturas: Foram unicamente detectadas estruturas negativas, nomeadamente um buraco de poste, uma lareira e um silo, todos escavados no substrato rochoso. Este, de
planta ovalada e cerca de 1 m de profundidade, constitui a única estrutura de armazenagem subterrânea registada. Foram, no entanto, observadas concentrações de lajes
de xisto que devem corresponder a embasamentos de muros desmantelados.

Artefactos: O conjunto é dominado pela presença de formas de produção manual, de perfil em “S”, de que se destaca uma forma afim dos vasos “à chardon”. Foi registada a presença de decoração “cepillada”, aplicada sobre recipientes de grande dimensão. As formas a torno estão representadas, igualmente, e entre outras, por formas de perfil em “S”; de realçar é a presença de um pithos claramente de importação,
com asa bífida, associável, nos contextos do Sul peninsular, a cronologias do séc. VII a.C. (Fig. 15).

Cronologia: Séc. VII a.C
Arqueólogos:
Manuel Calado*
Rui Mataloto**
Artur Rocha**

Povoado do Moinho da Cinza - Capelins 


Povoações da Proto História (Idade do Ferro) nas terras de Capelins 
Casa da Moinhola - Capelins - 2.500 anos

Paisagem: Localiza-se na extremidade nascente de um pequeno cabeço alongado, de vertentes declivosas, sobranceiro ao Guadiana. O ligeiro destaque na paisagem
confere-lhe algum controlo visual sobre vários quilómetros do curso do rio, tanto para montante como para jusante. Insere-se numa área de fraco potencial agrícola.
Estruturas: Registou-se um conjunto edificado, disperso pelo topo e encosta Sul do cerro. As estruturas, de planta ortogonal, fizeram uso da matéria-prima disponível
no local, maioritariamente grandes blocos de quartzo, utilizando-se, para regularizar o muro, lajes de xisto de médio e grande calibre. Foi possível detectar a presença de
um grande compartimento rectangular, com cerca de dezasseis metros quadrados, adjacente ao qual se desenvolviam vários compartimentos quadrangulares, que não foi possível delimitar por completo. O facto de algumas das estruturas serem instaladas numa encosta declivosa implicou o reforço das construções e a edificação de possíveis muros de contenção de terras.
Artefactos: O conjunto artefactual é composto exclusivamente por cerâmica, 55%, da qual produzida a torno, estando representadas as taças de bordo simples ou espessado,
por vezes com carena, e os potes de bordo extrovertido; as produções manuais são essencialmente formas fechadas para preparação/confecção de alimentos: É sobre estas que surgem os escassos motivos decorativos, como pequenas incisões sobre o lábio ou sobre a parede, estando também presentes duas estampilhas, circulares com motivos raiados; estão igualmente atestados diversos elementos de preensão como as asas cegas ou de ferradura. Foram ainda recolhidos artefactos relacionados com a tecelagem: cossoiros e pesos de tear.

Cronologia: Séc. VI-IV a.C.
Arqueólogos:
Manuel Calado*
Rui Mataloto**
Artur Rocha*** 



Povoado de Miguéns - Capelins Povoação da Proto História - Idade do Ferro - 2.800 anos.

Povoado de Miguéns - Capelins
Povoação da Proto História - Idade do Ferro - 2.800 anos. 

Paisagem: Localiza-se sobre uma pequena elevação sobranceira ao Guadiana, de solos esqueléticos, com reduzida capacidade agrícola. Apesar de pouco destacado,

controlava visualmente vários quilómetros do curso do rio.

Estruturas: A intervenção permitiu verificar a presença de dois compartimentos, de planta quadrangular, contíguos, um com mais de dez metros quadrados e outro de dimensões bastante menores, tendo sido apenas parcialmente delimitados. Em termos técnicos, os muros encontravam-se construídos quase exclusivamente em blocos de quartzo de médio e grande calibre, bastante irregulares.

Artefactos: O conjunto artefactual é escasso e exclusivamente de produção manual; as formas de perfil em “S” dominam, estando atestadas as decorações incisas aplicadas sobre a parede dos recipientes. Será de realçar a presença de um número relativamente elevado de cossoiros ou contas de colar em cerâmica; na realidade, a separação entre ambos não resulta fácil nem linear, não sendo o perfil ou a largura
da perfuração elementos determinantes, pelo que no conjunto recolhido poderemos ter ambos os artefactos representados.

Cronologia: Finais do séc. VIII e parte do séc. VII a.C
Arqueólogos:
Manuel Calado*
Rui Mataloto**
Artur Rocha***


Miguéns 





Povoado de Miguéns - Capelins - 5.000 anos

  Povoado de Miguéns -  Capelins - 5.000 anos Conforme podemos verificar nos estudos de diversos arqueólogos, já existiam alguns povoados na...